Desde o ano passado, antes da pandemia, o governador vem ameaçando com anuncios da privatização da Corsan, uma empresa superavitária do Rio Grande do Sul.


A estatal gaúcha é uma das maiores aqui do estado, que emprega hoje  5.706 funcionários e abastece 317 cidades, atendendo 6 milhões de usuários.


O motivo pelo qual o governador Eduardo Leite deseja privatizar o órgão é que, com o novo marco legal do saneamento básico, Lei 14.026, que institui novas regras em busca do tratamento do esgoto dos usuários, a Corsan não seria capaz de atingir a meta nacional.


Disfarçada de PPP no final do ano passado houveram negociações sobre o assunto com o órgão, mas o governador preferiu abdicar dos acordos e anunciar a privatização, e o que é pior: sem plebiscito, como orienta a constituição. Encaminhou uma proposta à assembleia para que não houvesse mais plebiscitos para assuntos como vendas de estatais no RS.


Um grande infortúnio que o governador esteja usando deste momento tão sensível que estamos vivendo, com a pandemia, para passar propostas absurdas, que inferem diretamente na vida da população. Abrir mão de plebiscito para qualquer assunto que seja, principalmente este, é uma falta de consideração enorme com a parte mais afetada da situação, os usuários do serviço. Segundo ele, o plebiscito serviria para discussão ideológica, do que efetivamente uma discussão de oportunidade técnica.


Será mesmo que é sobre evitar discussão ideológica ou há interesses ocultos na situação?
O que posso afirmar, com confiança, é que o povo tem de ser ouvido referente a assuntos como estes. Precisamos questionar tanta pressa e desejo de privatização de uma das empresas que mais gera lucro no estado, só nos últimos 4 anos, abasteceu os cofres públicos com 1,2 bilhões de reais. Além de ser plenamente capaz de se adequar dentro do marco legal, considerando o número de funcionários qualificados trabalhando na empresa.


Estatais são bens do povo e é para eles que nós, políticos, trabalhamos. A Corsan não precisa ser vendida, precisa de adequação às novas regras da Lei 14.026, fato que é plenamente possível e alcançável pelos profissionais da empresa. Governador, deixe a Corsan trabalhar!